Onde os brasileiros guardam seu dinheiro?
Onde os brasileiros guardam seu dinheiro? Antes de responder a essa questão, vale relembrar números da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) da sétima edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro 2024 que apontavam que mais da metade da população brasileira não possui nenhum tipo de investimento ou reserva financeira. O levantamento mostrava que 41% da população tinha a intenção de investimento para 2024. Em 2023, o percentual de investidores era de 37%, ante 36% em 2022.
Ou seja, para responder a pergunta “Onde os brasileiros guardam seu dinheiro?”, a resposta será com base na outra parcela menor da população que investe ou forma uma reserva financeira.

Hoje (13/08), a Anbima divulgou o balanço dos investimentos dos brasileiros no 1º semestre de 2024. O levantamento mostrou que a maior parte dos recursos está concentrada no segmento de renda fixa e em suas diversas subcategorias, com destaque para a evolução de produtos de investimentos com rendimentos isentos de Imposto de Renda (IR).
Em termos de volume financeiro, do montante de R$ 7 trilhões em investimentos (varejo tradicional, varejo alta renda e private), cerca de R$ 1 trilhão está na poupança, a aplicação mais popular no varejo. A diferença está investida: R$ 1,72 trilhão em fundos de investimento; R$ 3,13 trilhões em títulos e valores mobiliários; e R$ 1,15 trilhão em previdência privada.
“A demanda por produtos isentos (de Imposto de Renda) continua”, disse Ademir Aparecido Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, em coletiva de imprensa realizada na tarde dessa terça-feira (13/08).
No detalhe, os produtos isentos que mais cresceram no primeiro semestre de 2024 foram: certificados de recebíveis imobiliários ou CRI (+25,5%), certificados de recebíveis do agronegócio ou CRA (+22,9%) e debêntures incentivadas (+13,7%).
Entre os fundos de investimentos, os fundos imobiliários também exibiram um crescimento de 20,4% (varejo e private) no primeiro semestre de 2024, num ritmo semelhante aos dos fundos de renda fixa, que avançaram 20,9% no mesmo período. “Os produtos de renda fixa estão se apoiando na Selic (taxa básica de juros) alta”, afirmou Correa Júnior. A Selic está em 10,5% ao ano.
Questionado sobre o avanço dos fundos imobiliários no varejo (+22,6%), Correa Júnior respondeu ao Grana News, que o investidor de varejo está cada vez mais informado. “Existe um procura maior do cliente de varejo, que está poupando cada vez mais, vendo a necessidade de ter uma reserva”, afirmou o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.
Autor: Ernani Fagundes (jornalista).

Veja abaixo o comunicado da Anbima:
Os investimentos dos brasileiros pessoas físicas somaram R$ 7 trilhões no primeiro semestre de 2024, aumento de 7,6% na comparação com o fechamento de 2023, segundo dados divulgados nesta terça-feira (13) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O volume engloba as aplicações dos clientes do varejo tradicional, do varejo alta renda e do private (investidores com mais de R$ 5 milhões aplicados).
Com carteiras mais concentradas na renda fixa, ambos segmentos do varejo se destacaram no semestre. O alta renda cresceu 9,7%, chegando a R$ 2,4 trilhões, enquanto o tradicional avançou 9,5%, somando R$ 2,3 trilhões. Juntos, os dois segmentos correspondem a uma fatia de 68,6% do volume investido no primeiro semestre. O private cresceu 3,3%, totalizando R$ 2,2 trilhões, o equivalente a 31,4% do montante total.
“O varejo concentra a maior parte das aplicações em instrumentos de renda fixa, que são favorecidos pela Selic ainda em dois dígitos. Já o private tem a carteira mais diversificada, com 30% da fatia alocada em renda variável, que é mais influenciada pelas incertezas dos cenários interno e externo”, diz Ademir Aparecido Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da ANBIMA.
Renda fixa se destaca
Neste cenário, a renda fixa cresceu 10,1% no primeiro semestre de 2024 em comparação a dezembro de 2023, chegando a R$ 4 trilhões, o equivalente a 57,8% do montante aplicado. A previdência ampliou em 10,8% sua posição nas carteiras, totalizando R$ 1,15 trilhão. Contribuiu para o avanço a inclusão, a partir de dezembro do ano passado, de estatísticas sobre o investimento em previdência aberta no varejo.
O investimento em híbridos, que inclui fundos multimercados, cambiais, imobiliários, ETFs (Exchange Traded Funds ou fundos de índice) e COEs (Certificados de Operações Estruturadas), aumentou 1,2%, somando R$ 799,2 bilhões. As aplicações em renda variável ficaram praticamente estável no semestre, com leve recuo de 0,5%, para R$ 974,8 bilhões.
Na divisão por instrumentos, títulos e valores mobiliários fecharam o semestre com R$ 3,1 trilhões, crescimento de 7,8% entre dezembro de 2023 e o final de junho de 2024. O investimento em fundos subiu 7,7%, para R$ 1,7 trilhão, e, em poupança avançou 2,8%, chegando a R$ 951,7 bilhões.
Isentos crescem
O investimento em títulos isentos de imposto de renda chegou a R$ 1,1 trilhão, aumento 7,3% (R$ 77,7 bilhões) na comparação com o fechamento de 2023. O avanço aconteceu em meio às novas regras do CMN (Conselho Monetário Nacional), que, em fevereiro deste ano, limitaram a emissão e ampliaram o prazo de carência desses títulos. Apesar do saldo positivo no acumulado do semestre, as novas regras reduziram o percentual e o volume do avanço. Para efeito de comparação, o crescimento desses títulos no segundo semestre de 2023 foi de 9,6%, o equivalente a R$ 93,3 bilhões. Na primeira metade do ano passado, a alta foi de 22% (R$ 176 bilhões).
“Apesar das mudanças, o atual patamar da taxa de juros e as alterações no regime de tributação dos fundos exclusivos e de previdência contribuem para a procura por produtos de renda fixa com benefício fiscal. A demanda por isentos, que já vinha forte desde o ano passado, continua, com os investidores optando por ativos que alinhem rentabilidade e segurança, apesar do maior prazo de carência”, analisa Correa Júnior.
As aplicações em CRAs e CRIs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliários, respectivamente) cresceram 22,9%, para R$ 114,3 bilhões, e 25,5%, somando R$ 78,7 bilhões, nesta ordem. Tanto as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) quanto as LCIs (Letras de Crédito Imobiliários) avançaram 3,6%. As primeiras fecharam o semestre em R$ 433,5 bilhões, enquanto as LCIs chegaram a R$ 332,6 bilhões.
As LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas) subiram 4,3%, totalizando R$ 113,5 bilhões. As debêntures incentivadas, que não foram incluídas nas regras do CMN, ganharam atratividade, somando R$ 75,1 bilhões ao final de junho, aumento de 13,7% na comparação com dezembro de 2023.
Os títulos de renda fixa sem isenção fiscal também avançaram. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) subiram 13,1%, totalizando R$ 975,8 bilhões, enquanto a alta dos títulos públicos foi de 15,5%, para R$ 173,1 bilhões. As debêntures tradicionais cresceram 22,3%, somando R$ 43 bilhões ao final da primeira metade deste ano. Entre os títulos e valores mobiliários de renda variável, as ações recuaram 1,5%, alcançando a cifra de R$ 692,8 bilhões.
Fundos de renda fixa ganham mais espaço
Entre os fundos de investimento, o destaque fica com a classe de renda fixa. O produto cresceu 20,9%, chegando a R$ 699,3 bilhões. “Com o semestre marcado pela aversão a risco e pelas mudanças nas regras de títulos isentos, esses fundos e outros produtos de renda fixa, como CDBs e as debêntures, tanto as tradicionais quanto as incentivadas, ficaram mais atrativos”, diz Correa Júnior.
Os fundos imobiliários também tiveram resultado positivo no semestre, com alta de 20,4%, para R$ 111,4 bilhões. Ainda fecharam no azul: os FIPs (Fundos de Investimento de Participação), com aumento de 34%, para R$ 36,8 bilhões; os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), que avançaram 17,7%, para R$ 11,2 bilhões; e os ETFs, com crescimento de 38,5%, totalizando R$ 10,3 bilhões.
Por outro lado, os multimercados recuaram 4,2%, para R$ 605,1 bilhões, assim como os fundos de ações (inclui fundos mútuos de participação), que caíram 1,6%, totalizando R$ 245,2 bilhões ao fim do semestre, e os cambiais, com baixa de 17,8%, para R$ 1,8 bilhão no mesmo período de comparação.
Investimentos por região
Todas as regiões registraram aumentos no primeiro semestre deste ano. O Sudeste, que, no fechamento de junho, concentrava R$ 4,6 trilhões, cresceu 6,6% em relação a dezembro de 2023. O avanço do montante aplicado pelos investidores do Sul foi de 9,9%, totalizando R$ 1,2 trilhão. No Nordeste, o aumento foi de 8,2%, somando R$ 633,8 bilhões. Na região Centro-Oeste, o crescimento foi de 10,1%, para R$ 372,1 bilhões, enquanto no Norte, houve um aumento de 8,6%, para R$ 119,3 bilhões.
Fonte de conteúdo: Anbima
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