Estratégia para outubro 2023
Estratégia para outubro 2023. Leia o relatório Estratégia Mensal elaborado pela equipe de análise da Ágora Investimentos e encaminhado ao Blog do Grana:
O segundo mês consecutivo de queda da Selic foi, novamente, acompanhado por uma fraca performance da bolsa local. De certo modo, o movimento surpreende, uma vez que juros mais baixos ajudam a reduzir o custo da dívida das companhias – apoiando o crescimento dos lucros – além de estimular o aumento da demanda e reduzir a taxa de desconto dos valuations.
Mas, afinal, o que pode justificar esse desenvolvimento negativo para renda variável? Em nossa visão, houve nas últimas semanas uma piora da percepção de risco, principalmente no ambiente externo, ao mesmo tempo em que as dúvidas em relação à trajetória fiscal no Brasil ficaram mais evidentes.
A começar pelo exterior, e tomando por base o comportamento dos preços globais, pudemos observar queda da maioria das bolsas europeias e de Nova York ao longo do mês de setembro, num movimento que reflete uma preocupação sobre o impacto de juros mais altos por um período prolongado nestas regiões, sobretudo nos Estados Unidos.
As últimas sinalizações do FED indicam que provavelmente há espaço para mais aumento(s) de juros por lá e que, provavelmente, a política monetária permanecerá restritiva por um período mais longo, contrariando parte do mercado que já estava mais inclinado à ideia de que os juros poderiam começar a cair nos próximos meses (cenário hipotético que sempre nos mostramos contrários).
Em nossa visão, é difícil imaginar o cenário em que um Banco Central consiga trazer a inflação à meta sem causar algum tipo de desaceleração econômica e, portanto, devemos seguir atentos a leitura dos dados econômicos por lá.
Recorrendo a um estudo que publicamos no início deste ano, nas últimas 7 vezes em que o FED chegou ao seu “pico” de juros, em 6 delas houve algum tipo de recessão nos Estados Unidos nos trimestres seguintes. Vale contextualizar que sequer chegamos ao pico de juros e, portanto, antevemos momentos de maior volatilidade nos mercados.
Ainda no exterior, o quadro não parece muito melhor quando analisamos a Europa. Os dados econômicos sugerem fraqueza e, possivelmente, alguns países da região passarão por algum tipo de recessão. Na China, em que pese a frustração com o baixo ímpeto de crescimento, não vemos sinais de uma crise mais aguda, o que pode servir com algum alento aos preços das commodities.
Finalmente, chegando à discussão no Brasil, como dito no início do texto, nem mesmo a queda da Selic e a iminência de novos cortes de juros foram suficientes para impulsionar a bolsa. Claro, o cenário externo adverso, por si só, já justificaria o movimento de cautela por aqui, mas também destacamos uma piora nas expectativas em relação ao cenário fiscal local.
Note que, apesar da queda da Selic nos próximos meses, quando olhamos a curva à termo, o que vimos foi uma alta nos juros de longo prazo, evidenciando a preocupação do mercado sobre o cumprimento da meta de zerar o déficit para o ano que vem.
Não mudamos a nossa tese central, na qual é difícil apostar contra renda variável em um cenário contínuo de queda de juros e valuation descontado, mas sugerimos algum tipo de calibragem aos portfólios, reforçando a necessidade de aprimorar a seletividade na escolha das ações e a diversificação.
Gostamos das histórias assimétricas e com direcionadores particulares, sejam eles melhoria nos resultados esperados, M&A, maior previsibilidade nas receitas e distribuição de dividendos. Small caps são boas alternativas para adicionar potencial de valorização.
(*) Fontes de conteúdo: Ágora Investimentos

O Blog do Grana é a página de conteúdo informativo do aplicativo Grana Capital, parceiro da B3 para ajudar os investidores com o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
