Carteira Ágora outubro 2023 inclui Sabesp (SBSP3) e retira Rede D’Or (RDOR3)

Carteira Ágora outubro 2023

Carteira Ágora outubro 2023 inclui Sabesp (SBSP3) e retira Rede D’Or (RDOR3). “Para o mês de outubro, optamos por realizar uma mudança na composição do portfólio. Retiramos as ações ON da Rede D’Or (RDOR3) e incluímos as ações ON da Sabesp (SBSP3)”, descreveu o relatório da carteira Top 10 da Ágora, encaminhado ao Blog do Grana.

Veja a composição da carteira da Ágora na sequência do texto:

Carrefour Brasil

O Carrefour Brasil é o maior grupo de varejo alimentar do país, atuando em diversos formatos para atender a diferentes segmentos, através das bandeiras Atacadão, Sam’s Club, Express, entre outras, além das operações de e-commerce. Em nosso cenário base, continuamos vendo o Carrefour Brasil na liderança do setor de varejo de alimentos no longo prazo, dada a força da bandeira Atacadão (atacarejo), a maior marca de supermercado do país, e os formatos de lojas complementares, com clubes de compras, lojas de conveniência, e-commerce e hipermercados. Os desafios de curto prazo da integração do Grupo Big estão chegando ao fim e vemos ventos favoráveis em 2024 em relação à concorrência, cenário econômico e dinâmica do setor que devem levar a um crescimento sólido dos lucros nos próximos anos. Além disso, a liquidez das ações CRFB3 deve melhorar substancialmente após a saída total da Advent/Walmart, com free float chegando a 30%, de cerca de 25% atualmente.

Copel

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) é uma empresa integrada, ou seja, atua nos quatro subsegmentos do setor de energia elétrica: geração, transmissão, distribuição e comercialização. A empresa possui 62 usinas próprias (sendo 18 hidrelétricas, 1 térmica e 43 eólicas) e participação em outros 14 empreendimentos de geração de energia (1 térmica, 8 hidrelétricas, 4 parques eólicos e 1 solar). Em agosto, a Copel concluiu o processo de transformação da companhia em uma corporação, sem acionista controlador, diante da liquidação financeira de oferta base secundária de ações do Estado do Paraná e da oferta primária de novas ações. O governo paranaense reduziu participação das ações com direito de voto de 69,66% para cerca de 32,32%. Uma vez privatizada, reforçamos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 12,50 para 2024 a partir das seguintes premissas: (i) um corte nas despesas operacionais de, aproximadamente, 17%, que pode parecer conservador, mas reflete um bom trabalho em relação à redução de custos já realizado pela gestão; (ii) uma queda no custo de capital de nossa taxa de desconto real de 11%, para 8,5%; e (iii) a prorrogação das concessões das usinas hidrelétricas Foz de Areia (que vencem em 2024), Segredo e Salto Caxias (com vencimento em 2032 e 2033). Além disso, considerando o preço atual, CPLE6 negocia a uma atraente TIR real de aproximadamente 11%.

EcoRodovias

A EcoRodovias é uma das principais companhias de infraestrutura do Brasil, com cerca de 4,9 mil colaboradores, 11 concessões rodoviárias, totalizando mais de 4.700 km, e um ativo portuário, com atuação em oito estados do país. A empresa adicionou 3 novas concessões de rodovias desde 2021 e vem surpreendendo positivamente o mercado ao apresentar desempenho de tráfego e eficiência de custos melhores que o esperado. Acreditamos que a redução significativa do risco, combinada com o forte desempenho operacional da empresa, deve desencadear uma reavaliação do preço das ações. Nossa recomendação é baseada: (i) na ação estar sendo negociada a uma atraente TIR alavancada superior a 13%; (ii) na EcoRodovias continuar expandindo seu portfólio com retornos que agreguem valor; (iii) nos preços mais baixos de commodities reduzindo o risco de investimentos elevados; e (iv) na empresa se beneficiando da queda das taxas de juros.  

Eletrobras

A Eletrobras é umas das principais empresas do setor, com atuação em geração, transmissão e comercialização de energia elétrica. A empresa responde por quase 30% da capacidade de geração do país e 40% das linhas de transmissão. Desde sua privatização em junho de 2022, a Eletrobras enfrentou uma tempestade perfeita de eventos negativos, mas estes agora estão precificados ou se tornaram “riscos de alta”, como por exemplo os preços da eletricidade. A partir de um excesso de oferta de geração, os preços da energia elétrica caíram no 2S22, e impactaram negativamente as ações, pois a Eletrobras está altamente descontratada. No entanto, atualmente a maioria dos analistas projetam preços baixos por um longo período, mas isso pode mudar se a hidrologia piorar e/ou a demanda aumentar, o que seria relativamente benéfico para o valuation da empresa. Além disso, a gestão vem trabalhando em diferentes frentes para aumentar a eficiência e melhorar os resultados financeiros. Em nossa visão, ainda há um longo trabalho pela frente e a empresa pode destravar valor ao acionista através da contínua melhora dos seus números. Entre os fatores de risco, destacamos qualquer mudança que altere as regras estabelecidas durante o processo de privatização, embora este não seja nosso cenário base. Dada a atual relação risco x retorno das ações, optamos por mantê-las em nossas Carteira Recomendadas.

Itaúsa

Atualmente, estimamos que o desconto da Itaúsa em relação à soma das partes está em cerca de 20%. Porém, acreditamos que uma boa parte das ineficiências tributárias da Itaúsa possam ser eliminadas pelo potencial fim dos pagamentos de juros sobre o capital do Itaú Unibanco, o que (segundo nossos cálculos) pode reduzir esse desconto para algo mais próximo de 11%. De fato, a Itaúsa pode ser capaz de eliminar suas atuais ineficiências fiscais, uma vez que paga PIS/Cofins sobre os JCP recebidos do Itaú. Assim, com o possível fim do pagamento do JCP, a Itaúsa pode obter R$ 11 bilhões em valor de mercado incremental com a eliminação da ineficiência tributária, pois calculamos que para cada R$ 100,00 em JCP recebido pelo Itaú, a Itaúsa perderia R$ 13,20 em tributos – ou seja, ineficiências tributárias de 13,2%. Dito isso, embora o potencial fim dos pagamentos de juros sobre o capital esteja impactando todos os players da indústria financeira, entendemos que a Itaúsa será (relativamente) menos afetada, o que pode provocar trocas de posição no mercado e garantir um fluxo mais positivo para o papel enquanto essas regras são definidas. Além disso, uma parte significativa do desconto da Itaúsa vem da sua alavancagem financeira e, neste sentido, a empresa comunicou a amortização antecipada de 60% das debêntures da primeira série (a ser realizada em 29 de setembro), no valor aproximado de R$ 1,6 bilhão, utilizando os recursos provenientes da venda de ações da XP.

JBS

A JBS é o maior produtor global de proteínas e a segunda maior empresa de alimentos do mundo, possui 300 plantas em diferentes regiões e presença comercial em mais de 22 países. No entanto, devido à ciclicidade da sua principal linha de negócios, a empresa passou por meses relativamente difíceis em termos operacionais, apresentando no 1T23 a margem de lucro mais baixa em uma década. Dado este cenário, entendemos que, a partir daqui o espaço para melhorias é significativo, e o mercado parece ainda não ter precificado uma provável recuperação das margens que deve se concretizar até 2025. Vemos a ação sendo negociada a um múltiplo EV/EBITDA (esperado para 2024 e 2025) abaixo da média histórica, apoiando assim a visão positiva para o valuation, e esperamos que as margens continuem melhorando sequencialmente nos próximos trimestres devido a menores custos de grãos, uma redução dos abates (redução da oferta de carne) nos Estados Unidos em 2024 e ganhos de eficiência. Além disso, a empresa anunciou recentemente a proposta de listagem dupla, na NYSE e na B3 – o que, se confirmado, pode destravar um valor significativo para as ações pela melhora na governança e na visibilidade da tese, principalmente para investidores estrangeiros.

Natura&Co

A Natura &Co Holding SA é uma multinacional de cosméticos, higiene e beleza, com operações globais sob as marcas Natura, Avon e The Body Shop. Estamos mais construtivos com a tese de Natura&Co, uma vez que a estratégia da Companhia tem sido consistente desde que Fabio Barbosa se tornou CEO global, há um ano: reduzindo as estruturas da holding e simplificando seu modelo de negócios. Em nossa opinião, o lado positivo da tese está nas operações da América Latina, integrando as duas maiores marcas de cosméticos do continente (Avon e Natura), coletando sinergias e entregando eficiências. Em uma teleconferência realizada em meados de agosto, a companhia forneceu detalhes da segunda onda de integração Natura-Avon, e embora os custos de implementação sejam relativamente altos e uma de nossas principais preocupações, a recente sinalização de estudo de uma venda potencial da The Body Shop (TBS) poderia compensar esse efeito. Além disso, entendemos que a principal força da Natura&Co está no canal de vendas diretas, que é mais competitivo nos mercados emergentes, especialmente na América Latina. Em contraste, a The Body Shop (TBS) é um caso muito diferente, pois tem uma maior participação nas receitas das lojas e teve maior exposição a mercados desenvolvidos (MD). Assim, em nossa visão, a venda da TBS poderia agregar valor para a Natura&Co dado que: (i) pode reduzir as complexidades e os custos da estrutura corporativa; (ii) aumentar as margens/retornos globais; e (iii) melhorar ainda mais a sua estrutura de capital através do dinheiro a ser recebido de um acordo.

PRIO

A Prio é um player puro de exploração & produção de petróleo, e o modelo de negócios da empresa está focado na aquisição de ativos maduros para gerar valor por meio de movimentos estratégicos. Ao longo do mês de julho, a companhia anunciou o início da operação do poço ODP5, com uma produção inicial estabilizada de 8.000 bpd (barris por dia). Com isso, a PRIO ultrapassou a marca de produção de 100.000 bpd. Antes do início da campanha de revitalização do campo de Frade, esperávamos que a PRIO produzisse cerca de 30 mil barris por dia nesta operação em 2023, e agora a produção já está na marca de 60 mil, demonstrando a forte execução e capacidade de geração de valor da empresa em campos maduros. Destacamos também que o sentimento do mercado em relação ao petróleo melhorou com base nas recentes restrições de oferta da OPEP+ e uma desaceleração no crescimento nas plataformas nos Estados Unidos. Como resultado, os preços do petróleo poderiam seguir negociando acima do nosso cenário base de US$ 80 pelo resto do ano. Apesar do forte rali dos últimos meses, que levou a ação a novas máximas históricas, observamos também uma vasta revisão para cima em seus fundamentos, de forma que ainda vemos PRIO3 negociando a um múltiplo EV/EBITDA atrativo para 2024, que é 25% mais barato do que os pares da empresa no Brasil, apesar da PRIO ser indiscutivelmente o player mais premium entre as empresas juniores. No entanto, em nosso cenário base, não esperamos vetores no curto prazo do mesmo calibre dos poços em Frade, com o próximo grande gatilho sendo a inicialização de Wahoo apenas no 2T24, embora possamos ver algum fluxo de notícias positivas em 2023.

Sabesp

A Sabesp é uma sociedade anônima de economia mista fundada em 1973 e atualmente é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 375 municípios do Estado de São Paulo. A principal tese que pode levar a uma valorização das ações no médio prazo passa por um eventual processo de privatização, a partir de ganhos de eficiência. Nesse sentido, em agosto, o município de São Paulo assinou a adesão à unidade regional de saneamento (URAE 1) – criada pelo Governo de São Paulo – que pode viabilizar a privatização da Sabesp. Embora este recente evento seja uma grande vitória para o processo de privatização, notamos que ainda existem vários pontos que precisam ser definidos/tratados em uma janela muito curta até meados de 2024. De qualquer forma, uma vez que a relação risco/retorno parece muito atraente, reiteramos a nossa recomendação de Compra. As ações da Sabesp negociam, atualmente, em cerca de 0,8x o múltiplo EV/RAB, sendo que como empresa privada, poderia negociar a cerca de 1,2x. Em outras palavras, pouco do potencial da privatização está precificado.

Vale

Embora as incertezas permaneçam, a verdade é que os preços do minério de ferro estão novamente se aproximando dos US$ 120/tonelada, sinalizando que a dinâmica do mercado físico é realmente saudável. Assim, continuamos confiantes de que a Vale pode cumprir suas metas de produção – a própria companhia tem uma visão realista de que a produção siderúrgica chinesa atingiu níveis máximos, mas que outras regiões como o Sudeste Asiático, a Índia e economias emergentes deverão preencher a lacuna da demanda. Em paralelo, se as discussões em torno da exploração das cavidades e licenciamento ambiental forem resolvidas aqui no Brasil (o que parece estar no caminho certo, especialmente tendo em conta o perfil mais profissional da Vale), vemos espaço adicional para o crescimento da produção. Por último, em termos de valuation, as ações são negociadas com múltiplo EV/EBITDA para 2024 muito descontado em relação aos seus pares globais (em torno de 25%), ao mesmo tempo em que oferecem um rendimento de 14% (considerando dividendos e recompras).

Fonte de conteúdo: Ágora Investimentos

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