Setor imobiliário debate falta de recursos
O setor imobiliário debate falta de recursos da poupança (resgates de mais de R$ 70 bilhões neste ano) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para financiar imóveis no Brasil, no evento Incorpora 2023, realizado hoje, em São Paulo.
Os representantes do setor defenderam a redução dos juros básicos (Selic) e a liberação de parte dos recursos de depósitos compulsórios no Banco Central. Essa última demanda não está atualmente no radar do Banco Central independente.
Presente ao evento, o economista e ex-Secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, mostrou preocupação com os juros mais longos. O juros para horizonte de longo prazo estão elevados e afetam a dinâmica do crédito imobiliário, que possuem prazos maiores, de 10, 15, 20, 25, 30 e até 35 anos.
Ao mesmo tempo, a representatividade da poupança para o financiamento imobiliário já foi maior no passado, mais de 50% dos recursos para o setor. Atualmente, a poupança representa cerca de 35% dos recursos para o crédito imobiliário. Os juros dos empréstimos para imóveis estão atualmente na faixa entre 10% e 11% ao ano, com o rendimento da poupança ao redor de 8% ao ano (6,17% ao ano + Taxa Referencial).
Em um ambiente marcado pelo otimismo e visão de futuro, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) realizou nesta terça-feira (26/9) a 6ª edição do Incorpora – Fórum Brasileiro de Incorporadoras 2023. O evento foi marcado por intensos debates entre os principais players do setor, líderes políticos e pesquisadores que se reuniram para discutir as perspectivas e desafios do mercado imobiliário brasileiro.
Neste ano, o evento começou com um bate-papo entre Elie Horn, fundador do grupo Cyrela e renomado empresário do setor, e o jornalista Willian Wack. A dupla discutiu temas cruciais, como política fiscal, taxas de juros e o futuro da construção e incorporação. O empresário ressaltou a importância da filantropia e de se pensar nas camadas menos favorecidas da sociedade.
Ainda nos primeiros minutos do evento, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, participou do evento com uma mensagem ao público presente e destacou o aumento significativo nos recursos destinados à habitação popular no Brasil, elevando o montante para R$ 10,4 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV): um aumento de 12.650%. Também foi reestabelecida o Faixa 1, destinado às famílias com renda mensal bruta de até R$ 2.640.
Em discurso durante a abertura do evento, o presidente da ABRAINC, Luiz França, enfatizou a importância do setor imobiliário para a economia do Brasil lembrando que a construção civil gerou 17% dos empregos formais no país. Ele destacou a necessidade de taxas de juros mais baixas e a diversificação das fontes de financiamento para compradores de imóveis.
França também abordou questões de inovação, avanços tecnológicos e burocracia, e explicou as razões para o otimismo da incorporação imobiliária: “Vivemos um momento singular. Os investimentos no setor imobiliário, determinantes para a formação bruta de capital fixo do país, cresceram no segundo trimestre de 2023 em percentuais superiores à média nacional. Este é um aspecto chave, pois o investimento antecede a criação de empregos e renda; determinando o futuro da economia brasileira”, explicou o executivo.
Rubens Menin, um dos principais empresários do setor elogiou a atuação eficaz da ABRAINC ao longo de uma década e lembrou a proposta do Incorpora. “Vamos falar do futuro, discutir as questões decisivas com pessoas muito competentes”, afirmou.
Propostas para desburocratizar o setor e a importância do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal para combater o déficit habitacional foram temas abordados pela presidente da Caixa, Maria Rita Serrano. Ela enfatizou que a desburocratização reduzirá custos e atenderá às necessidades urgentes da população. “Não há dúvidas que todos perdemos com a burocracia, setor, banco e desburocratizar diminui custos e chega à população que é quem tem pressa”, analisou.
O ministro das Cidades, Jader Filho reconheceu o papel fundamental da ABRAINC como um espaço de debate produtivo e destacou o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que trará investimentos significativos para o setor até 2026, especialmente beneficiando o programa Minha Casa, Minha Vida. Ele ressaltou a importância da parceria entre governos e o setor produtivo para atingir a meta de construir dois milhões de unidades habitacionais.
Por sua vez, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, enfatizou a necessidade de segurança jurídica e previsibilidade no setor imobiliário. Ele reconheceu o déficit habitacional de 8 milhões de moradias e a importância de garantir a sustentabilidade do MCMV. Pacheco também destacou a importância de respeitar as decisões políticas do passado, promover a estabilidade institucional e buscar equilíbrio fiscal.
No encerramento do primeiro bloco do evento, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, ressaltou que “a casa é a coisa mais preciosa que uma pessoa pode ter” e defendeu que a política habitacional venha acompanhada de melhorias na infraestrutura de saúde, educação, segurança e meio ambiente como um conjunto.
O Incorpora 2023 não se limitou a discutir o panorama atual do mercado imobiliário. Também foram abordados temas relacionados ao funding e à inovação no setor, aspectos fundamentais para o seu desenvolvimento contínuo.
Ao fim do evento, a ABRAINC apresentou uma pesquisa que aponta que o MCMV é significativo na melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários. O levantamento foi conduzido pela Brain Inteligência Estratégicajunto a compradores de imóveis do programa de habitação popular. O levantamento é essencial para entender se o programa está cumprindo seus objetivos de melhorar as condições de moradia e qualidade de vida das famílias de baixa renda no Brasil. “O desafio sempre foi muito grande para quem necessita do benefício. A atenção, agora, deve permanecer na adequação ao estilo de vida de quem precisa, como autônomos e informais, que representam boa parte da pesquisa”, explicou o CEO da empresa de pesquisa, Fábio Tadeu Araújo.
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O número de novos imóveis comercializados no Brasil aumentou 9,8% no primeiro semestre de 2023, quando comparado ao mesmo período de 2022. Os dados são do indicador ABRAINC-FIPE, um levantamento realizado com 20 empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
Em meio a um cenário econômico desafiador imposto pelos altos juros da taxa Selic, o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) teve destaque e mostrou uma grande força nas vendas: aumento de 22,8% sobre igual intervalo do ano passado.
As vendas de imóveis do programa MCMV registraram um crescimento de 4,2% nas vendas. As diversas melhorias implantadas neste ano já refletiram em um aumento no número de lançamentos no segmento, que teve uma alta 17,2% no primeiro semestre. Isso deve implicar em um forte aumento das vendas do segmento nos próximos meses.
Por sua vez, o MAP apresentou uma forte redução de 59,4% de lançamentos no intervalo, O segmento foi fortemente influenciado pelas altas taxas de juros, que prejudicaram o acesso aos financiamentos imobiliários pelo SBPE (Sistema Brasileiro Poupança e Empréstimos), inviabilizando a compra de imóveis para compradores de média renda.
Na avaliação do presidente da ABRAINC, Luiz França, os números do primeiro semestre de 2023 refletem as dinâmicas do mercado imobiliário brasileiro e a importância de programas de habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida, para combater o déficit de moradias. França também destaca que, no momento, o principal empecilho para o setor é a alta taxa Selic, atualmente em 12,75% ao ano.
“O primeiro semestre de 2023 se caracterizou pelo crescimento notável das vendas no mercado imobiliário brasileiro, apesar de uma queda nos lançamentos. Esperamos para os próximos meses um grande crescimento no mercado da habitação popular. Precisamos de alternativas para diminuir o custo de funding para os compradores de média renda. Desse modo, o mercado imobiliário vai seguir com o desafio de gerar empregos e combater o déficit habitacional”, finaliza o executivo.
(*) Fontes de conteúdo: Incorpora 2023 e Abrainc

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