Mercado prevê Selic em 12,25% ao ano no fim de 2023
O mercado prevê Selic em 12,25% ao ano ao final de 2023, de acordo com o Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), ante uma projeção de 12,50% anteriormente.
Os economistas mantêm a previsão de início do ciclo de queda dos juros para setembro, com o ambiente de redução da inflação sendo visto nos preços dos alimentos e na deflação dos índices gerais de preços, sobretudo na parte de bens industriais. O Banco Central deve iniciar o movimento com uma diminuição de 0,50 ponto percentual, para 13,25%.
Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,75% ao ano. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decide sobre o rumo dos juros no Brasil, começou hoje (20/6) e termina amanhã (21/06). A expectativa é de manutenção dos juros ao término da reunião de amanhã, com as atenções voltadas para o comunicado após o fechamento da Bolsa.
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Diante dos resultados recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o grupo reduziu a previsão para a inflação em 2023 de 6,1% para 5,1%, com o patamar máximo observado na discussão no colegiado em 5,6% e, o mínimo, em 4,7%, portanto ainda superior ao centro da meta de 3,25% estipulada.
O grupo prevê um ambiente externo mais favorável, com a maior parte dos analistas acreditando que o Fed (Federal Reserve), o banco central norte-americano, encerre o ciclo de alta dos juros entre 5,25% e 5,50%, o que indica apenas mais um aumento de 0,25 pontos percentuais em julho, favorecendo a atratividade de investimentos para os emergentes.
Em relação à China, a percepção é de desaceleração do crescimento, com maior dinamismo no mercado interno e dúvidas quanto aos riscos no segmento imobiliário. Para a Europa, a expectativa é que o ciclo de aumento dos juros continue.
Houve uma revisão acentuada na projeção para o crescimento do PIB neste ano, que passou de 0,90% para 2,25% com a surpresa positiva com o indicador no primeiro trimestre.
“A melhora do cenário externo, com o risco atenuado de recessão nos países desenvolvidos e de alastramento de riscos sistêmicos no sistema financeiro internacional, também contribuiu para essa previsão mais otimista para a atividade econômica, além dos já conhecidos efeitos da agropecuária no primeiro trimestre do ano”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima.
Na análise da política fiscal, a aprovação do arcabouço reduziu os riscos de cauda, mas manteve a incerteza devido às mudanças que flexibilizaram os gastos para os próximos anos e pelos desafios para que as metas sejam alcançadas. Para 2024, a expectativa para a dívida bruta passou de 80,5% para 79,5% do PIB.
Efeito dos juros altos na economia
Os efeitos dos juros altos sobre a economia brasileira foram destacados na abertura da 4ª edição do Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação 2023 (FILI). Às vésperas de nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a ser realizada nessa quarta-feira, 21/6, o presidente da Abrainc, Luiz França, demonstrou preocupação com o atual patamar da Selic em 13,75%, mantido nas últimas seis reuniões seguidas do órgão.
Em seu discurso, França ressaltou dados de relatório da consultoria Infinity Asset que aponta o Brasil como o maior detentor de Juros Real do mundo. De acordo com o levantamento, o Brasil possui juro real de cerca de 10%, enquanto o México, segundo colocado, tem um juro real de 6,6%.
Sobre o impacto dos juros altos na vida dos cidadãos, o executivo destacou que, segundo dados de maio deste ano da FecomércioSP, 73% das famílias paulistanas estão endividadas. Em relação às empresas, 6,5 milhões estavam negativadas em abril, de acordo com a Serasa, e houve um aumento de 40% no primeiro quadrimestre de 2023 no número de pedidos de recuperação judicial em São Paulo (382 solicitações) contra igual período do ano passado.
Em relação à habitação, Luiz França comentou que o impacto também é enorme. O executivo pontuou que os financiamentos imobiliários pelo SBPE – que usam recursos da poupança e foram responsáveis pela movimentação de R$ 180 bilhões em 2022 -, são mais afetados pela alta nos juros, inviabilizando a compra de imóveis a milhares de famílias.
Para o presidente da Abrainc, Luiz França, a redução da Selic seria a melhor forma de promover o acesso de novas famílias à moradia e citou um exemplo de como o juro alto é negativo para o bolso do consumidor. “Uma família com renda até R$ 10 mil, que antes conseguiria comprar um imóvel financiado de R$ 470 mil, agora só poderia adquirir um imóvel de até R$ 370 mil, isso por conta de um aumento em torno de 23% no valor da parcela, o equivalente a um desembolso de R$ 500 reais a mais por mês”, completou.
Manutenção em 13,75% ao ano
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) projeta a manutenção da taxa Selic em 13,75% a.a. ao término da reunião do Copom em 21 de junho. Porém, acredita que o afrouxamento da política monetária possa ser iniciado a partir da reunião de agosto. “Apesar da evolução favorável nas premissas e hipóteses para o cenário econômico, entendemos que a Selic deva ser mantida em 13,75% a.a.. Mas o cenário prospectivo abre espaço para que o Copom sinalize o início do ciclo de cortes já a partir da reunião de agosto”, avalia Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC.
Essa avaliação seria sustentada pela conjunção de uma série de fatores benignos para a dinâmica inflacionária, como: a redução da pressão nas medidas subjacentes, a deflação nos preços de atacado, a forte queda na inflação implícita nas negociações dos títulos públicos, a redução dos preços das commodities internacionais em reais, a desaceleração na concessão doméstica de crédito e a subestimação do indicador da taxa de desemprego por causa da redução da taxa de participação indicando uma pressão maior no mercado de trabalho. Por fim, a surpresa positiva do PIB no 1º trimestre não adveio da absorção doméstica, mas fundamentalmente da performance do setor agropecuário.
Para o superintendente da ABBC, com o arrefecimento das discussões sobre a alteração das metas inflacionárias, seria interessante que o comitê traga a sua interpretação acerca da evolução das expectativas e o seu papel no ritmo da desinflação. Ainda, um maior detalhamento possível das premissas adotadas no cálculo das projeções dos cenários adotados poderia reduzir as assimetrias entre as expectativas de mercado e os números apurados pelo Copom.
“Quanto maior transparência nas variáveis adotadas e aspectos considerados, maior será a previsibilidade na evolução da política monetária, mitigando a volatilidade na estrutura a termo da taxa de juros, o que, pelo nosso entendimento, seria positivo na suavização das flutuações do nível de atividade econômica”, concluiu.
(*) Fontes de conteúdo: ABBC, Anbima, Abrainc e Banco Central.

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