Pandemia: lá vamos nós de novo? | Por Ricardo Schweitzer

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Artigo de Ricardo Schweitzer

Novos casos na China reacendem luz amarela, mas futuro não tem compromisso com repetição do passado. Por Ricardo Schweitzer*

Definitivamente, “tédio” não faz parte do vocabulário de 2022.

Não bastasse o conflito russo-ucraniano e seus desdobramentos; não bastasse a aceleração da inflação nos EUA – e a necessária resposta de política monetária, com repercussões globais em termos de custo de capital –; não bastassem nossas agruras domésticas com preços de combustíveis e a proximidade do calendário eleitoral…

…uma nova variante de coronavírus devolveu à pandemia sua parcela de direito no noticiário.

Aparentemente, o surto é especialmente forte em Hong Kong. Na província chinesa de Guangdong, que é adjacente àquela região administrativa especial, a principal cidade, Shenzhen, foi colocada em lockdown.

Com reservas de direito no que tange a consistência das informações que chegam até nós, fato é que esta parece ser mais uma reprise de um filme que conhecemos bem nos últimos dois anos. Aliás, reprise não: é uma refilmagem, com a nova versão carregando traços dos impactos de suas antecessoras.

Assumindo que seja o que parece, já conhecemos o roteiro: são prováveis impactos em cadeias de suprimento globais, por conta da disrupção produtiva e logística no território chinês. A escassez decorrente tem potencial de elevar preços para determinados bens, retroalimentando dinâmicas inflacionárias que já não vinham tranquilas nem na matriz – EUA, Europa –, nem nas filiais – como, por exemplo, o Brasil.

Mas longe de semear preocupações, meu objetivo neste artigo é trazer algum otimismo diante da situação: quero acreditar que as iterações anteriores nos permitiram aprender algo com toda essa conjuntura conturbada; que estejamos, hoje, melhor preparados para lidar com isso tudo do que nos víamos originalmente.

Se não no macro, pelo menos no micro.

Explico:

Determinados fenômenos econômicos, como a aceleração da inflação nos EUA, parecem relacionados com as ondas anteriores da pandemia – ou, indiretamente, com a reação de política econômica posta em marcha diante delas. A escolha é sua: ponha a culpa nos choques de oferta de bens ou na desenfreada expansão monetária que sucedeu o impacto pandêmico. Fato concreto é que o status quo da nova rodada é muito diferente do de antanho. E isso abre espaço para um questionamento muito legítimo: deveríamos esperar respostas de política econômica iguais às de antes?

Penso que não. Pelo menos não na mesma magnitude. E, idealmente, em magnitude alguma: com inflação se agigantando, melhor dos mundos seria vir com outra solução melhor dessa vez. “Qual solução?” promete, a meu ver,  ser a pergunta de 1 milhão de dólares dos mercados nesses próximos meses.

Espere, desde já, um noticiário agitado. E já me adianto em dizer: eu não sei como desentortar esse pepino macroeconômico.

Então o que proponho? Voltemo-nos ao micro.

Em maior ou menor grau, empresas tiveram de se reinventar em meio a esse período conturbado. Tal esforço iterativo, contínuo, de reinvenção resultou na depuração das organizações: não faltam exemplos de empresas que se tornaram mais ágeis, mais eficientes; que mudaram seus modos de fazer negócios e não só não beijaram a lona como, round após round, se tornaram mais fortes.

Isso me leva a crer que nossas melhores chances de nos sairmos bem com nossos investimentos estão, portanto, na identificação dessas campeãs.

Aí pergunto: adivinha o que vai dominar o noticiário? Adivinha o que vai nortear as cotações?

Grandes chances de a maioria se ver refém do macro, presa ao dilema insolúvel.

Daí a oportunidade de diferenciação para aqueles com suficiente capacidade de abstração para deixar todo esse ruído de lado e fazer a lição de casa do bottom up.

Faço-lhe, então, a verdadeira pergunta de 1 milhão de dólares: de que lado você acha que tem mais a ganhar?


*Ricardo Schweitzer é analista CNPI, consultor CVM e investidor profissional. 

Twitter: @_rschweitzer, Instagram: @ricardoschweitzer

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