O que você vai ver neste artigo:
A BDR do Nubank (NUBR33) está no prejuízo. E agora?
Desde a listagem do recibo da ação (BDR) na Bolsa brasileira (B3) em 9 de dezembro de 2021, o preço da BDR caiu 10,28% de R$ 8,36 na oferta inicial (IPO) para R$ 7,50 no fechamento de 22 de fevereiro de 2022, antes da publicação do balanço do 4º trimestre de 2021.
Aqui no Blog do Grana, você terá informações sobre o último balanço e as análises de Avenue Intelligence, Guide Investimentos e Levante Research sobre Nubank (NUBR33) e as expectativas para o banco.
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IPO da BDR do Nubank em 09/12/2021. Foto: Divulgação/B3
Nubank (NUBR33) – Balanço do 4º trimestre de 2021
Prejuízo líquido
O prejuízo líquido do Nubank considerando ajustes foi de US$ 3,2 milhões no 4º trimestre de 2021, revertendo o lucro de US$ 15,8 milhões do 4º trimestre de 2020.
Sem ajustes, o prejuízo líquido do Nubank foi de US$ 66 milhões no 4º trimestre de 2021, ante prejuízo líquido de US$ 107 milhões no 4º trimestre de 2020.
Lucro bruto
No período, o lucro bruto totalizou US$ 226,9 milhões no 4º trimestre de 2021, um aumento de 207% na comparação com o 4º trimestre de 2020.
Receita líquida
A receita líquida alcançou US$ 636 milhões, sendo US$ 439 milhões da margem com clientes e US$ 196 milhões de receitas de serviços, uma alta de 224% na comparação anual.
Na parte de tarifas e comissões, a receita foi de US$ 196 milhões, crescimento de 80%.
Margem bruta e provisão para perdas de crédito
O Nubank teve um aumento de 270% nas despesas com provisão para perdas de crédito. O banco acrescentou US$ 200 milhões ao provisionamento, ante US$ 54 milhões no 4º trimestre de 2020.
A margem bruta foi de 35,7% no 4º trimestre de 2021, contra 37,7% no 4º trimestre de 2020, refletindo o aumento nas despesas com provisão para perdas de crédito (PDD).
Despesas financeiras
O custo subiu para US$ 177 milhões no 4º trimestre de 2021, ante US$ 30 milhões no 4º trimestre de 2020.
O aumento do custo foi causado pelo aumento da taxa de juros no Brasil, que serve para remuneração dos depósitos de varejo do Nubank.
Pelo lado positivo, o volume depositado nas contas alcançou US$ 10 bilhões, alta de 86% na comparação anual.
Inadimplência
A inadimplência de empréstimos pessoais do banco teve aumento marginal de 0,1 ponto porcentual, alcançando 3,5%, ficando 1,5 ponto porcentual abaixo da média da inadimplência dos empréstimos pessoais, porém 1,2 ponto porcentual acima da média de inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Pontos positivos do balanço do Nubank (NUBR33)
Número de clientes
O número de clientes alcançou 53 milhões, um aumento de 62% na comparação anual. Esse número já exclui os 600 mil da corretora Easynvest (atual Nu Invest).
Desses, 41,1 milhões são considerados clientes ativos. Portanto, a taxa de atividade foi de 76,3%, ou 10,7 pontos porcentuais a mais que no 4º trimestre de 2020.
Receita média mensal por cliente
O Nubank registrou expansão da receita média mensal por cliente para US$ 5,60 no 4º trimestre de 2021 versus US$ 3,20 no 4º trimestre de 2020, causado pela captação em novos produtos.
Redução do custo de atendimento por cliente
O custo de atendimento por cliente ativo recuou 20% para US$ 0,90 por cliente, refletindo redução do custo transacional, chegando em no custo total de US$ 32 milhões no 4º trimestre de 2021 ante US$ 38 milhões no 4º trimestre de 2020.
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Análise de Avenue sobre a ação do Nubank (NU)
O Nubank (NU) possui US$ 40,8 bilhões de valor de mercado e suas ações (NU em Nova York/EUA) recuam -25,7% desde o IPO, realizado em dezembro de 2021. Em 2022, a queda é de -11,8%.
Apesar de um ambiente econômico mais desafiador no Brasil, a taxa de inadimplência do Nubank manteve-se praticamente estável, em 3,5%.
Mesmo que a instituição diga que sua análise de crédito é mais precisa que a dos concorrentes, é esperado que a inflação brasileira e a alta da taxa de juros no país tragam um impacto negativo para a inadimplência.
Atualmente, a carteira de crédito do Nubank é de US$ 2 bilhões, valor 4 vezes maior do que o observado há um ano atrás.
Em linhas gerais, o banco apresentou prejuízo líquido de US$ 66,2 milhões no trimestre, valor que veio 36% abaixo do apresentado no mesmo período de 2020.
No comparativo anual, o lucro líquido ajustado foi de US$ 6,6 milhões versus prejuízo de US$ 26 milhões em 2020.
Análise da Guide sobre Nubank (NUBR33)
Os reportados pelo Nu vieram em linha com o esperado pelo mercado, com resultado líquido ainda em campo negativo.
Ainda que tenha tido um aumento expressivo no número de clientes e marginal redução de custos, o Nubank mostra dificuldade na passagem por cenários econômicos adversos, com o aumento da taxa de inadimplência e dos custos financeiros causados pela remuneração de depósitos de pessoas físicas.
A alta na despesa com provisões é mais um fator contra o sucesso financeiro do banco.
Permanecemos com visão cautelosa quanto a sustentabilidade do modelo de negócios do banco, que acreditamos que enfrentará obstáculos maiores frente a mais aumentos da taxa de juros.
O que esperar da ação de Nubank – BDR NUBR33 no Brasil
“Apesar do prejuízo líquido, o resultado do Nubank veio bom e um pouco acima das expectativas. Esperamos impacto positivo no preço das ações NU nos EUA e BDR NUBR33 no Brasil no curto prazo”, apontou a Levante Research em relatório sobre o balanço do banco.
“O impacto é neutro”, afirmou o analista Rodrigo Crespi, da Guide Investimentos.
Análise da Levante sobre o balanço do Nubank
As adições, bem como o índice de atividade, foram surpresas positivas no relatório de resultados. Tal dado sugere algum ganho de market-share (participação) no mercado e aumento da base engajada.
Já o aumento da receita média por usuário reflete uma maior participação de clientes antigos na base, que costumam ir progressivamente aumentando o valor gerado dentro da plataforma ao longo do tempo.
O prejuízo líquido é um ponto negativo no resultado, bem como o aumento em algumas linhas das despesas.
Porém, acreditamos que, por ora, o mercado não deve colocar em xeque o dilema do crescimento e geração de valor ao acionista no curto prazo.
Ainda assim, e a despeito do bom relatório apresentado, temos dificuldade em entender a precificação da companhia, que nos parece além da perfeição.
Imposto de Renda em BDRs do Nubank
Existe um ditado popular que diz: “Só existem duas certezas na vida, a da morte e a dos impostos”.
No caso de recibos de ações (BDRs) como os do Nubank (NUBR33) existe a cobrança do Imposto de Renda sobre ganhos de capital em BDRs sem qualquer tipo de isenção fiscal.
Mesmo sendo uma instituição brasileira, o Nubank realizou seu IPO de ações nos Estados Unidos, e em termos tributários, o BDR do Nubank listado no Bolsa brasileira (B3) é um produto financeiro semelhante aos outros BDRs de empresas norte-americanas já conhecidos no Brasil: Alphabet (Google), Amazon, Meta Platforms (Facebook), Nvidia, Tesla, Apple , Microsoft e Walmart.
Portanto, no BDR não há o benefício fiscal – de até R$ 20 mil em vendas de ações por mês – como existe para negócios com ações de outros bancos como Itaú, Bradesco ou Banco do Brasil ou outras empresas brasileiras como Petrobras, Vale, etc., listadas diretamente na B3.
E se você obteve ganho de capital numa operação de “swing trade” ou de “day trade” com Nubank (NUBR33), a alíquota é de 15% para operações comuns e 20% nas operações de day trade.
Para efetuar o pagamento, o investidor deverá emitir um DARF (documento de arrecadação de receitas federais) com o código 6015.
Assim como os demais ativos negociados na bolsa de valores, o pagamento do DARF dos BDRs deve ser feito até o último dia útil do mês seguinte ao das vendas.
No caso brasileiro devemos acrescentar que todo investimento precisa ser informado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF).
Portanto, se você é investidor pessoa física, lembre-se que além do pagamento do Imposto de Renda sobre Ganhos de Capital, o investimento em BDRs deve ser declarado à Receita Federal.
Para resolver essa questão do IR automaticamente, acesse o link abaixo:
Relatórios consultados: B3, Avenue Intelligence, Guide Investimentos e Levante Research
Edição: Ernani Fagundes, jornalista responsável pelo conteúdo do Blog do Grana.
E-mail: ernani.fagundes@grana.capital (mande sua opinião sobre o Blog do Grana e sugestões para melhorar sua experiência no site de notícias de mercado e de investimentos).
