Um fundo temático para chamar de seu | Por Ricardo Schweitzer

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Artigo de Ricardo Schweitzer

Sem necessidade de qualquer convicção, a banca sempre vence oferecendo produtos alinhados com a moda da vez. Por Ricardo Schweitzer*

Como desdobramento natural da eterna discussão sobre gestão ativa versus passiva – da qual eu devo me ocupar num artigo futuro -, tenho acompanhado, com bastante curiosidade, a profusão de fundos temáticos no mercado brasileiro – tenham eles suas quotas negociadas em bolsa (isto é, os ETFs) ou não. 

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  • À primeira vista, é uma mão na roda e tanto: com meia dúzia de cliques é possível se expor a determinada geografia ou grupo de empresas cuja alocação faça sentido à luz de determinada tese de investimento, encurtando distâncias e diminuindo custos operacionais, principalmente para o pequeno investidor.

    Entretanto, em minhas atividades de consultoria tenho constatado um efeito adverso desses avanços: devido ao alto apelo comercial desses produtos alinhados com teses “da hora”, muitos investidores acabam ficando com carteiras totalmente aleatórias. E do outro lado do balcão, é claro, há uma indústria altamente lucrativa.

    Metaverso é a bola da vez? Vamos fazer um fundo temático. Urânio? Toma um ETF. NFTs? É pra já. Que tal um fundo long em empresas que os nomes começam com C? E, melhor ainda, outro fundo composto das mesmíssimas empresas, mas que fica short nelas? O céu é o limite para a imaginação da turma.

    A grande vantagem de quem estrutura esses fundos é simples: a oportunidade de atender a uma demanda de mercado – gerada, tipicamente, pela repercussão via influenciadores digitais dos hypes do momento mundo afora – sem tomar risco algum e com a liberdade, inclusive, de assumir posições contraditórias entre si. Se subir, ganhamos mais taxa de administração; se cair, ganhamos menos neste e mais naquele outro ali. Zero convicção nisso ou naquilo é necessária.

    E, óbvio, toda a cadeia é devidamente remunerada. Seja via comissões, seja via corretagem. Se o produto faz sentido ou não, essa é uma questão totalmente secundária: se existe demanda, vamos oferecer – afinal de contas, o cliente sempre tem razão.

    (Eu acredito piamente que esse argumento de que o cliente sempre tem razão é responsável por muitas das maiores atrocidades já cometidas contra os investidores de varejo, mas isso também é tema para outro dia…)

    Em meio a isso tudo, o de sempre: investidores completamente perdidos em seus investimentos, porque abraçaram tudo que viram pela frente em nome de uma diversificação sem fim, com carteiras que fazem lembrar aquela série de acumuladores compulsivos.

    Como alinhar incentivos? Eu continuo acreditando que a alternativa menos ruim (que tem, também, lá seus defeitos) é gestor colocando dinheiro junto – em montante que faz mais diferença no final do dia do que ganhos com administração e performance. É demanda por coerência entre diferentes mandatos – ou fica long, ou fica short. Mas é, sobretudo, educar o público investidor.

    A questão é: a quem interessa efetivamente educar o investidor, de verdade, e não apenas o bastante para que ele gere receita?


    *Ricardo Schweitzer é analista CNPI, consultor CVM e investidor profissional. 

    Twitter: @_rschweitzer, Instagram: @ricardoschweitzer

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