Exportações brasileiras aos EUA são taxadas em 50%, conforme ordem executiva do presidente norte-americano, Donald Trump, publicada hoje (30/07) pela Casa Branca.

Exportações brasileiras aos EUA são taxadas em 50%
Segundo a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, as taxas entram em vigor em 7 dias.
“Hoje, o presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% (40 pontos percentuais) sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”, informa o comunicado da Casa Branca.
Exceções – O que ficou de fora do tarifaço aplicado ao Brasil?
Mas há exceções, ficaram de fora da taxação determinados alimentos, alguns minérios, produtos de energia (ex. petróleo) e aviação civil, derivados de celulose e petróleo, polpa e suco de laranja, algumas aeronaves civis e peças, alguns fertilizantes, ferro-gusa e metais preciosos.
Logo após a confirmação do tarifaço dos EUA ao Brasil, o Ibovespa subiu 0,95% e fechou em 133.989 pontos. O dólar subiu 0,38%, a R$ 5,59 no mercado à vista da B3.
A ação da Embraer (EMBR3) disparou 10,93% e fechou cotada a R$ 76,25 por ação.
Por outro lado, a taxação provavelmente deve atingir os setores de carnes, café, frutas tropicais e frutos do mar.
Veja o trecho oficial da Casa Branca que aborda as exceções:
“O direito ad valorem imposto nesta ordem não se aplica a artigos que são isentos de 50% ou estabelecidos no Anexo I desta ordem, incluindo certos: silício metálico, ferro-gusa, aeronaves civis e suas partes e componentes, alumina de grau metalúrgico, minério de estanho, polpa de madeira, metais preciosos, energia e produtos energéticos, e fertilizantes”.
Novas ameaças de Donald Trump ao Brasil
“Caso o Governo do Brasil retalie contra os Estados Unidos em resposta a esta ação, modificarei esta ordem para garantir a eficácia das ações aqui ordenadas. Por exemplo, se o Governo do Brasil retaliar aumentando as tarifas sobre as exportações dos Estados Unidos, aumentarei a taxa de imposto ad valorem estabelecida nesta ordem em um valor correspondente”.
Leia mais: Os impactos do tarifaço dos EUA na economia brasileira
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Nota da Ancham sobre o tarifaço aplicado ao Brasil
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) manifesta sua preocupação diante da confirmação de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre determinados produtos brasileiros.
Trata-se de medida que fragiliza as relações econômicas e comerciais entre os dois países, afetando negativamente a competitividade de suas empresas, o emprego de seus trabalhadores e o poder de compra de seus consumidores.
Ao longo de mais de 200 anos de relações diplomáticas ininterruptas, Brasil e Estados Unidos construíram uma parceria sólida, pautada por valores e interesses econômicos comuns e por intenso intercâmbio empresarial.
A Amcham Brasil defende que divergências comerciais sejam resolvidas pela intensificação do diálogo construtivo em alto nível, com o objetivo de preservar e ampliar a parceria e a cooperação econômicas.
Pesquisa recente conduzida pela Amcham, de 24 a 30 de julho, revela que mais da metade das empresas exportadoras no Brasil estimam que o aumento tarifário poderá resultar na interrupção total ou acentuada (superior a 50%) das vendas para os Estados Unidos.
A pesquisa também indica que 86% das empresas avaliam que eventuais medidas de reciprocidade por parte do Brasil tenderiam a agravar as tensões bilaterais e reduzir o espaço para negociações.
Além disso, trariam potenciais efeitos negativos sobre setores que dependem de insumos, tecnologias ou equipamentos americanos, bem como prejuízos à imagem e à segurança jurídica do Brasil como destino de investimentos e negócios.
A Amcham Brasil reafirma seu compromisso histórico — de mais de um século — com o fortalecimento das relações bilaterais e se coloca à disposição dos governos de ambos os países para colaborar na construção de uma solução mutuamente satisfatória.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil – Amcham Brasil, a partir de dados oficiais da USITC, calculou que a lista de exceções publicada pelo governo dos Estados Unidos na Ordem Executiva de 30 de julho contempla 694 produtos, representando US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras no último período apurado (2024).
O valor corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA, de acordo com a análise da entidade.
Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira.
Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor.
A Amcham Brasil reafirma seu posicionamento de que divergências comerciais devem ser tratadas por meio de diálogo construtivo em alto nível, visando a preservação da histórica relação econômica e diplomática de mais de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos.
Melhor caminho é negociar, mostra levantamento da Ancham Brasil
A grande maioria das empresas brasileiras e multinacionais considera que o Brasil deve evitar retaliação imediata às tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos e priorizar a negociação diplomática.
Levantamento realizado pela Amcham Brasil com 162 companhias revela que:
- 88% defendem que o melhor caminho é negociar, sem recorrer a medidas de reciprocidade;
- 86% avaliam que uma retaliação imediata agravaria tensões e reduziria o espaço para diálogo;
- Apenas 10% apoiam medidas imediatas de reciprocidade.
O estudo mostra ainda que, entre as empresas exportadoras, 59% preveem interrupção total ou queda acentuada nas vendas aos EUA com a entrada em vigor da sobretaxa, ameaçando setores estratégicos do comércio bilateral.
A pesquisa foi conduzida entre 24 e 30 de julho de 2025, antes da publicação da ordem executiva americana. A Amcham calculou que a lista de exceções divulgada em 30 de julho contempla 694 produtos, representando US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras no último período apurado (2024). O valor corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA.
Principais preocupações com uma eventual retaliação:
- Agravamento das tensões com os EUA e redução do espaço para negociação (86%);
- Impactos em setores brasileiros dependentes de insumos, tecnologias ou equipamentos dos EUA (71%);
- Prejuízo à imagem do Brasil como destino de investimentos (50%);
- Aumento da insegurança jurídica no ambiente de negócios (45%).
Além dos efeitos diretos sobre as exportações, a pesquisa sugere outros impactos relevantes:
- 52% apontam riscos à cadeia de fornecedores no Brasil;
- 52% indicam perda de competitividade frente a concorrentes internacionais;
- 46% consideram rever investimentos planejados ou em curso no Brasil;
- 43% mencionam realocação de projetos globais;
- 41% preveem redução de quadro de colaboradores e diminuição da atratividade do país para novos investimentos;
- 18% percebem risco de dano reputacional para empresas americanas com operação no Brasil;
- 13% não descartam paralisação de atividades no país.
Segundo Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil: “Os resultados da pesquisa revelam com nitidez os potenciais impactos que tarifas mais altas representam para os negócios – desde a interrupção de exportações até o redirecionamento de investimentos globais. É fundamental intensificar a busca por uma solução que preserve os ganhos econômicos e sociais da relação entre Brasil e Estados Unidos.”
O levantamento mostra também que 52% das empresas monitoram a situação sem ações definidas, enquanto 54% atuam por meio de associações empresariais. Há mobilizações pontuais: 25% engajam parceiros e clientes nos EUA, e 16% dialogam diretamente com autoridades brasileiras.
Perfil dos respondentes
A amostra inclui empresas com capital brasileiro (59%), americano (23%) e de outros países (18%). Quanto ao vínculo com o comércio bilateral:
- 41% são exportadoras de bens para os EUA;
- 35% importam dos EUA;
- 33% não têm relação direta, mas podem ser impactadas indiretamente.
Conteúdo: Ancham Brasil e Casa Branca
Edição de texto e visual da página: Ernani Fagundes, jornalista especializado (MBA da B3) em informações econômicas, financeiras e de mercado de capitais.
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