Mercado repercute aumento dos juros e Tesouro Selic ganha projeção entre investidores.

Mercado repercute aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), de 13,25% para 14,25% ao ano.

Com a alta, o título público Tesouro Selic ganha projeção entre os investidores.

Segundo o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), os juros podem continuar subindo, mas em menor magnitude nas próximas reuniões.  

Mercado repercute aumento dos juros para 14,25%

Veja a repercussão por analistas, profissionais de mercado e entidades:

Rogério Paulucci Mauad, especialista em mercado financeiro da Fipecafi

“No comunicado divulgado após a reunião, o Copom justificou o aumento citando a necessidade de manter a inflação sob controle diante de um mercado de trabalho ainda aquecido e de uma economia que segue apresentando demanda forte, principalmente no setor de serviços. Além disso, destacou os riscos globais externos, especialmente mencionando, com destaque, a política econômica norte-americana e os próximos movimentos do Federal Reserve, os quais podem aumentar as incertezas sobre os rumos da economia global, impactando a economia brasileira”, afirmou Rogério Paulucci Mauad, especialista em mercado financeiro da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos

Achei um pouco hawkish a mercado. Telegrafou próxima reunião falando em ajuste de menor magnitude. Ou seja, foi mais hawkish que a minha expectativa de dependência dos dados.

Projeção em 3,9% do IPCA no horizonte relevante, em linha com a minha projeção, mas no range mais alto das expectativas de mercado.

Cauteloso na parte de atividade ao falar em “sinais sugiram uma incipiente moderação no crescimento”. Destaque aqui para a palavra incipiente.

Parte um pouco dovish é já colocar defasagens: “defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso”.

Quanto a impacto nos calls fortalece visões de 50 e 75bps para maio. O 0,75 deveria ganhar probabilidade e o zero perder. Quanto a terminal, não deveria trigar maiores mudanças.

Nós da SAMI mantemos nossa projeção de 15%, 50bps em maio, e 25bps em junho.

Marcio Saito, CFO da Entrepay

A perspectiva é de que a Selic continue sua trajetória de alta ao longo de 2025, podendo ultrapassar os 16% ao ano. Esse cenário adiciona mais um entrave à atividade econômica, reduzindo o poder de consumo da população e impactando setores como varejo e serviços, que dependem diretamente do crédito para girar suas operações.

Para os pequenos empresários, o desafio cresce ainda mais. Muitos negócios contam com crédito para financiar estoques, antecipar recebíveis ou expandir suas operações. Com juros mais altos, o custo dessas linhas de financiamento sobe, reduzindo a margem de manobra dos empreendedores e exigindo uma gestão financeira ainda mais criteriosa.

Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS)

Diante do atual cenário global, marcado pela ascensão do neoprotecionismo e acirramento da concorrência internacional, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) entende que o Comitê de Política Monetária (COPOM) deveria adotar uma ação mais parcimoniosa em relação ao ciclo de alta da taxa de juros e não prejudicar a produção, o consumo e os investimentos domésticos.

O Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, e com a recente calibragem da Selic, torna ainda mais difícil fomentar o nível de investimento necessário para o país se manter competitivo internacionalmente neste cenário de neoprotecionismo. Além disso, os efeitos sobre os empregos e sobre o consumo das famílias são deletérios.

No que se refere à inflação doméstica, a APAS entende que o controle inflacionário na atual conjuntura tende a ser mais eficiente com a adoção de um conjunto de medidas econômicas e não apenas a calibragem da taxa de juros.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master

O Copom cumpriu o for guidance, mas eu destacaria dois elementos aqui no comunicado. Primeiro que ele registra uma moderação da atividade econômica de uma maneira curiosa que eles dizem que os indicadores de crescimento de atividade econômica, o mercado de trabalho apresentou dinamismo, ainda que sinais sugiram uma incipiente moderação no crescimento.

Então vejam que tem as palavras sinais e incipiente, quase uma redundância. Então é o início de sinal de possível moderação, foi assim que ele registrou os últimos dados que estão mais fracos. Então esse é o primeiro destaque que eu faria.

O segundo é que eles falam da incerteza em relação às defasagens na inerência do ciclo de aperto monetário em curso, ou seja, não dá para saber exatamente quando e como a alta de juros bate na economia, mas em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião é esperado, ou seja, tem uma espécie de mini-for-guidance aqui, dizendo que eles esperam subir juros, sim, na próxima reunião.

Agora, não se comprometem com com o ritmo, pode ser mais alto, mais uma alta de 0,25, 0,50, 0,75, são três possíveis altas que estariam de acordo com essa magnitude menor, então certamente não vai ser 1%, e certamente vai ter alta, é a leitura que eu faço daqui, mas não dá para dizer do texto se é 0,25, 0,50 ou 0,75, então acho que a porta está aberta para essas três possibilidades na próxima reunião.

Subiu para 14.25, vai subir na próxima, mas o tamanho da próxima alta tá em aberto, não sabemos ainda qual é.

Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG)

“A elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira”, ressalta Flávio Roscoe, presidente da FIEMG.

“É essencial implementar medidas que não apenas mantenham a inflação sob controle, mas também contenham os gastos públicos, preservem o ambiente de negócios, estimulem investimentos produtivos e promovam o crescimento econômico de maneira sustentável”, afirma.

Fernando Vernalha, sócio-diretor do escritório Vernalha Pereira*

 “O cenário de juros altos terá um impacto negativo no custo financeiro das concessões e nas PPPs. Mas esse impacto é mitigado no longo prazo. Em projetos de alta longevidade, as taxas de juros irão oscilar e refinanciamentos terão de ser feitos”, explica.

De acordo com Vernalha, o aumento da Selic é preocupante, mas não vai afetar à atração de investimentos privados para as concessões e PPPs em obras públicas. Neste ano são previstos R$ 230 bilhões em investimentos em rodovias e saneamento. Apenas em rodovias, a expectativa é de que R$ 161 bilhões em investimentos em infraestrutura em 15 projetos. E os leilões de saneamento devem atrair R$ 69 bilhões de investimentos em 13 estados brasileiros.

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Notícias do mercado em 20/03/2025

Nos EUA, o presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, disse que aumento da inflação nos EUA devido às tarifas provavelmente será transitório.

Comentário de Gino Olivares, economista chefe da Azimut Brasil WM:

Num discurso famoso, proferido em 2004, Alan Greenspan, então presidente do Federal Reserve (Fed) disse, em tradução livre: “A incerteza não é apenas uma característica dominante do cenário de política monetária; é a característica definidora desse cenário”. É bom ter em mente a definição do Greenspan para entender as decisões de política monetária de hoje nos Estados Unidos e no Brasil.

Nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária (FOMC) do Fed decidiu, como esperado, deixar a taxa básica de juros inalterada e, como antecipado, reduzir o ritmo de redução do seu balanço, o chamado Quantitative Tightening.

Ao mesmo tempo, foi divulgado um novo Sumário de Projeções Econômicas (SEP) dos membros do Comitê. Quando comparado ao anterior SEP (dezembro), houve redução das projeções de crescimento do PIB, elevação marginal da taxa de desemprego e inflação mais elevada, principalmente em 2025.

E em termos de projeções para a trajetória da política monetária, o FOMC manteve, pela mediana, os cortes previstos para o período 2025-2027. E no Comunicado e na coletiva do seu presidente, Jay Powell, houve menções reiteradas ao aumento da incerteza em torno do cenário econômico, basicamente pelo ruído introduzido pela nova administração. Como entender a decisão do Comitê?

Pensando apenas no tema das tarifas, ele pode ser considerado como um choque negativo de oferta, e nesse sentido ele seria recessivo e inflacionário. Isso seria compatível com diminuição da projeção de crescimento e a elevação da projeção de inflação que se observa no novo SEP. Mas, se é assim, por que manter a projeção de cortes de juros?

Eis aqui que entra a incerteza. E neste caso, o bom senso sugere que você mantenha seu plano original até a incerteza diminuir. Não teria sentido, neste momento, promover mudanças nesse plano. Melhor esperar até ter mais informação. Não deveríamos entender a sinalização do Fed como disposição a cortar juros em qualquer cenário. Apenas explicitou que prefere esperar.

E no Brasil, o Comitê de Política Monetária (COPOM), como esperado por todos, elevou a taxa de juros em um ponto percentual, em decisão unânime. Foi a quinta elevação consecutiva da taxa de juros, e a terceira de um ponto percentual, totalizando 3,75 pontos percentuais de alta.

O interesse maior estava na sinalização dos próximos passos, e nesse sentido o Comunicado informou que “diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”. Por que não uma sinalização mais explícita, como a de dezembro, quando sinalizou altas de um ponto percentual nas seguintes duas reuniões?

Novamente a incerteza aparece, mas não apenas no cenário externo, ao qual se refere o parágrafo citado. Após subir os juros em 3,75 pontos percentuais, é natural que o COPOM passe a ter uma postura mais cautelosa, pois a ideia é apertar a política monetária o suficiente, mas não mais do que isso.

Há uma incerteza grande em relação a qual será o efeito sobre a economia do aperto já feito, portanto se justifica a diminuição do ritmo de ajuste dos juros. Note-se que o Comitê está informando que os juros devem subir; porém sem se comprometer com um valor específico. E isso por quê? Para ter flexibilidade de calibrar a alta a partir das informações que terá disponíveis na próxima reunião (maio).

Em outras palavras, se as coisas melhorarem, fará menos; e se não melhorarem, fará mais.

Novamente, parece a resposta apropriada perante a incerteza sobre os efeitos do que já foi feito.

E por último, dado que ele entende que precisa dessa flexibilidade em maio, não teria nenhum sentido fazer qualquer sinalização para as próximas reuniões, bastante a reiteração da disposição de fazer o que tiver que ser feito para colocar a inflação na meta no horizonte relevante.  

Resumindo, como dizia Greenspan, a incerteza é a característica fundamental do cenário no qual os banqueiros centrais tomam as suas decisões. Eles não se podem dar ao luxo de decidir olhando apenas para o cenário mais provável. A tal incerteza não deixa. Por consequência eles têm que ser prudentes e calcular muito bem os passos que dão e os sinais que emitem. Acreditamos que hoje tanto o FOMC quanto o COPOM decidiram baseados nesses princípios.

DOLA11 – Dólar caiu 0,4% ontem (19/3), a R$ 5,64 no mercado à vista da B3.

PETR3 e PETR4 – Preço do petróleo do tipo Brent (do Mar do Norte) sobe para US$ 70,9 por barril, e o tipo WTI (do Texas/EUA) avança para US$ 67 por barril.

BEEF3 – Minerva reportou prejuízo de R$ 1,6 bilhão no 4º trimestre de 2024.

RECV3 – PetroReconcavo registrou lucro de R$ 32,4 milhões no 4º trimestre de 2024, baixa de 83% na comparação com o 4º trimestre de 2023.

GUAR3 – Guararapes informou lucro de R$ 250 milhões no 4º trimestre de 2024, aumento de 9% em relação ao 4º trimestre de 2023.

HAPV3 – Hapvida obteve lucro de R$ 168 milhões no 4º trimestre de 2024, ante prejuízo reportado um ano antes.

ONCO3 – Oncoclínicas recebeu notificação de investidores solicitando fechamento de capital via Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA), segundo a Bloomberg.

Preço da ação da Caixa Seguridade (CXSE3) ficou em R$ 14,75 por ação na oferta secundária da empresa.

Fontes de conteúdo: Ágora, Avenue, B3, Bradesco, BTG Pactual, CVM, Itaú Corretora, Genial, Santander, Terra, Toro e XP.

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Edição de texto e da página: Ernani Fagundes, jornalista especializado (MBA da B3) em informações econômicas, financeiras e de mercado de capitais.

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