Mercado imobiliário avança no MCMV

O mercado imobiliário brasileiro está avançando no segmento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), mas perde impulso no segmento de médio padrão voltado para a classe média.

Em breve entrevista ao Grana News, o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, disse que o cenário para 2025 é de expansão de moradias populares. “Os programas de governos (federal, estaduais e municipais) estão ganhando força, o cenário é de expansão”, disse.

Por outro lado, França observa o menor ritmo do segmento de médio padrão por causa da falta de recursos (funding) e do ambiente de juros mais elevados para o financiamento imobiliário.

“O volume aplicado na poupança não está sendo suficiente para acompanhar a necessidade de financiamento do setor.  Para isso, tornam-se cada dia mais importantes instrumentos como os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), fundos imobiliários de desenvolvimento , as letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras imobiliárias garantidas (LIG”s)”, afirmou.

Entre as sugestões do setor para melhorar o funding está a liberação de parte do compulsório das cadernetas, reduzindo seu custo enquanto o juro ainda é alto. Assim como a redução do prazo de carência das LCI’s para 90 dias. “A classe média precisa de funding a custo baixo”, disse.

Outra ideia é a criação de um mercado secundário de recebíveis imobiliários com a participação da Emgea para ampliar a oferta de recursos. “As empresas do setor da construção também puderem securitizar seus ativos, via aquisição pela Emgea de cotas subordinadas”, afirmou França, em seu discurso no evento de hoje (24/9).

Mercado imobiliário é impulsionado pelo Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Governo Federal

Segundo levantamento inédito sobre o Mercado de Médio Padrão realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e Brain Inteligência Estratégica revelou queda na participação de unidades lançadas no segmento de médio padrão, um dos mais importantes para o setor. Os dados envolvem cerca de 10.500 empresas do mercado imobiliário nacional.

No segundo trimestre de 2024, o mercado de médio padrão foi responsável por 50% do total do Valor Global Lançado (VGL) no 2T24, contra 26% do mercado de alto padrão e 24% do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). No mesmo período do ano passado, essa participação do médio padrão era de 60%. Isso ressalta a importância da classe média para o mercado imobiliário, mostrando que esse segmento tem um papel crucial para o desempenho do setor e para a geração de emprego e renda. O aumento do custo de financiamento bancário é, sem dúvida, o grande responsável pela queda dessa participação relativa. Entretanto, ainda assim notamos que a classe média é o principal mercado para o setor imobiliário.

Se considerarmos apenas a capital paulista, o maior mercado imobiliário do Brasil, a queda foi ainda mais acentuada. O VGL do 2º trimestre de 2024 representou 50% no período, contra 66% no intervalo anterior.

“A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding. Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor,” afirma Luiz França, presidente da Abrainc.

Essa queda também é notada quando vemos que temos uma alta intenção de compra: 48% dos entrevistados em geral, de acordo com os dados da BRAIN (maior número já registrado). Porém, esse patamar de intenção é menor (40%) justamente na faixa de renda entre R$ 10 a R$ 20 mil por mês.

No último dia 18/09, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa Selic para 10,75%, o que, segundo França, “tem efeito negativo sobre os tomadores de crédito em todos os setores da economia, encarecendo os empréstimos e financiamentos.”

Percepções do mercado

A Abrainc e a Brain também realizaram a pesquisa “Percepções e expectativas da classe média”, que ouviu 1 mil pessoas em agosto deste ano, em 20 cidades brasileiras (incluindo capitais e cidades do interior). O estudo trouxe insights sobre as perspectivas da classe média em relação às políticas habitacionais dos próximos prefeitos.

A maioria dos entrevistados (85%) acredita que os futuros gestores municipais devem desenvolver políticas de estímulo à habitação popular. Entre as principais prioridades para o próximo prefeito, habitação surge logo após saúde, educação e segurança. Quando questionados sobre a priorização de habitação em relação a outras áreas de políticas públicas, o segmento ficou à frente de transporte público, áreas verdes e espaços públicos.

Para Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, “a habitação sempre figura como uma das prioridades da população, pelo desejo universal de morar bem. Com a proximidade das eleições esse tema ganha ainda mais relevância pois desperta expectativas sobre políticas públicas que tragam essa pauta”.

Apesar do cenário desafiador, a pesquisa também indicou que 40% da classe média ainda manifestam intenção de adquirir um imóvel nos próximos 12 meses, mesmo com a expectativa de alta nos preços (58% dos entrevistados acreditam em aumento).

Fontes de conteúdo: Abrainc e Brain

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