Mercados globais estão encurtando prazos
Mercados globais (incluindo o mercado brasileiro) estão encurtando prazos de investimento diante da realidade de juros elevados ao redor do mundo.
“Assim como no Brasil, os mercados globais estão cada vez mais no curto prazo. Quem estava com 10 anos, está com 5. Quem estava em 5 anos, ficou em 3 anos, e quem era 3 anos está em 1 ano ou menos”, afirmou Marcio Farid, vice-presidente de Equity Research Analyst do Goldman Sachs, em painel sobre As Novas Fronteiras da Análise de Mercado, no 25º Encontro Internacional de Relações com Investidores e de Mercado de Capitais, realizado hoje (24/8) em São Paulo.
Na visão de Marcio Farid, os mercados globais ficarão mais voláteis diante dos riscos geopolíticos, eleições polarizadas e no pós-pandemia. “Você não sabe o que vai acontecer nos próximos 5 anos, uma eleição pode mudar tudo, aqui e lá fora”, afirmou Farid ao Grana News.
O tema do “curto prazo nos investimentos” foi debatido em painel que teve a participação de Guilherme Setubal, diretor de Relações com Investidores da Dexco e membro do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), e de Emerson Leite, sócio fundador da CapSigma Investimentos.
“O mundo está na mais no curto prazo nesse momento por causa dos juros mais altos. Mas nesse curto prazo é que surgem as oportunidades (em renda variável), mas precisamos explicar isso para os cotistas”, afirmou Emerson Leite, ao Grana News.

No painel Perspectivas do Mercado de Capitais brasileiro, o head de Equity Capital Markets do BTG Pactual, Fabio Nazari, considerou que os investidores estrangeiros estão saindo da Bolsa brasileira para aproveitar os juros altos nos países desenvolvidos. “O mercado brasileiro está sem fluxo de estrangeiros. Mas não estou pessimista: o mercado está barato”, disse Fabio Nazari.
Em comparação com outros emergentes, Nazari disse que o mercado da Índia está 22x (vezes) o lucro, enquanto o Brasil está com algo entre 7x a 8x o lucro. Ele descartou outros emergentes como concorrentes mais atrativos que o Brasil. “China (guerra comercial), Rússia (guerra com a Ucrânia), México, Peru, Colômbia, Chile (tamanho menor de mercado) e Argentina estão fora desse jogo. Nosso competidor é a Índia, mas está mais caro”, afirmou.
Nazari aponta que o dinheiro novo de estrangeiros para IPOs na Bolsa brasileira virá a partir do segundo trimestre do próximo ano, após a eleição nos Estados Unidos.
Sobre os desafios nos mercados globais, Gabriel Cambui, International DCM Director do UBS, também ressaltou que há volatilidade em diversos países. “Se fala do Brasil, mas onde tem estabilidade política hoje? Tem aí os casos da França e do Reino Unido chamando eleições emergenciais, e os Estados Unidos que vão passar por uma eleição muito difícil”, comparou Cambui.

Texto: Ernani Fagundes, jornalista do Grana Capital.
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