O IPCA-15 de julho 2025: o voo das passagens, o pouso dos núcleos | Artigo por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.

IPCA-15 de julho 2025 registra alta de 0,33%
O IPCA-15 de julho 2025 registrou alta de 0,33%, levemente acima da nossa projeção (0,29%) e do consenso de mercado (0,31%). Na comparação interanual, o índice manteve-se praticamente estável, passando de 5,27% em junho para 5,30% em julho. Como esperávamos, os indicadores subjacentes seguem em trajetória comportada. O desvio em relação às projeções foi concentrado nos itens voláteis, especialmente passagens aéreas, e tende a se corrigir nos próximos meses. Dado o comportamento dos componentes mais persistentes da inflação, mantemos nossas projeções de IPCA em 4,9% ao final de 2025 e 4,5% em 2026.
Do lado altista, a surpresa veio principalmente do grupo de serviços (+0,70%) , puxado por transportes (+0,67% vs. nossa expectativa de +0,31%). O destaque foi passagem aérea , historicamente volátil, com alta de +19,85% (vs. +10% projetado por nós), o que contribuiu com +5 bps para o nosso erro no IPCA-15 de julho . A perspectiva para o item segue altista no horizonte relevante, considerando os reajustes nas taxas de embarque nos aeroportos de Guarulhos (vigente desde 12/07) e Brasília (a partir de 25/07).
Outro ponto de pressão foi o transporte por aplicativo (+14,55%) , que mantém trajetória de alta já observada no IPCA de junho. Além disso, a alimentação fora do domicílio contribuiu com +2 bps adicionais à inflação do período.
Como já previsto em nossas estimativas, o IPCA-15 de julho registrou alta de +3,34% em jogos de azar , refletindo o reajuste promovido pela Caixa Econômica Federal. Para o IPCA de julho, projetamos um avanço de +10,5%. No componente de planos de saúde , também conforme o esperado, observamos uma variação mais contida, de +0,35% nesta leitura . Isso se deve a um ajuste técnico aplicado pelo IBGE, que compensou o atraso na divulgação do reajuste anual autorizado pela ANS. Apesar do índice oficial ter vindo em linha com o antecipado, o IBGE optou por distribuir parte do impacto ainda em julho. A partir de agosto, será incorporada uma variação fixa mensal de 0,52%, equivalente a 1/12 do reajuste anual, que será mantida até o próximo ciclo de reajuste, em 2026.
Por outro lado, seguimos com um viés construtivo para o IPCA no médio prazo . Os serviços intensivos em trabalho , relevantes para a análise da política monetária, seguem em trajetória de desaceleração : 0,50% em maio, 0,47% em junho e 0,25% em julho . Em 12 meses, o grupo está em 5,8%. A média dos núcleos calculada pelo BC também mostra bom comportamento, com 0,30% em julho (vs. 0,32% em junho e 0,37% em maio), acumulando 5,0% em 12 meses .
A alimentação no domicílio segue apresentando deflação, com queda de -0,40%. Nossa coleta proprietária indicava -0,16%, frente à projeção de -0,25% para o IPCA-15. A queda foi puxada por tubérculos, cereais, leguminosas e carnes. Dentro do grupo de carnes, o recuo foi maior que o esperado (-0,36%, frente à nossa expectativa de 0%), refletindo a sazonalidade do período. Entretanto, além do efeito sazonal, começamos a observar sinais de mudança estrutural nesse grupo.
Nossa projeção de alta de +12,75% para carnes em 2025, é sustentada por um cenário de oferta doméstica pressionado, o que elevaria os preços. No entanto, o anúncio das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros pode alterar esse cenário: com a queda nas exportações, espera-se uma sobreoferta no mercado interno, o que tende a reforçar o comportamento deflacionário dos preços de carnes ao longo dos próximos meses.
No que se refere às categorias mais estruturais da inflação, os sinais continuam positivos na leitura do IPCA-15 de junho para o IPCA-15 de julho. Os serviços subjacentes registraram nova desaceleração na métrica anualizada, passando de 5,92% em junho para 5,30% em julho, em métrica dessazonalizada anualizada.
Os bens industriais subjacentes também apresentaram recuo, de 4,97% para 2,53%, refletindo, em boa medida, o movimento recente de apreciação do câmbio. Por fim, os bens industriais mantiveram trajetória de desaceleração, com variação anualizada de 2,62% no IPCA-15 de julho, frente a 3,77% em junho.
📌 Riscos monitorados: possibilidade de bandeira vermelha II hoje. Se confirmada, o impacto estimado é de +16 bps no IPCA. Por outro lado, o ajuste do IPI deve reduzir a inflação entre julho e agosto.
🔼 IPCA de julho : revisado de 0,32% para 0,40%, motivados por:
• Passagem aérea: +5 bps
• Restaurante: +2 bps
• Transporte por aplicativo: +1 bp
🔽 IPCA de agosto : revisado de -0,37% para -0,40%, devido ao rebalanceamento de passagem aérea.
📌 Caso a bandeira vermelha II ocorra em agosto, a projeção sobe 16 pontos-base para -0,24%.
🔽 IPCA de setembro : ajustado de 0,65% para 0,63%.
Por fim, mantemos nossa projeção de inflação de 4,9% para o fim de 2025 , com balanço de riscos equilibrados. Isto porquê, apesar da surpresa altista no IPCA-15 de julho, ela foi concentrada em itens voláteis e os indicadores mais relevantes para a tendência de médio prazo seguem bem-comportados e com trajetória de desinflação. Para 2026 seguimos com 4,50% e balanço de riscos altistas.
Autora: Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
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Edição visual da página: Ernani Fagundes, jornalista especializado (MBA da B3) em informações econômicas, financeiras e de mercado de capitais.
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