Incerteza no ar – cresce o risco do mercado diante das idas e vindas do governo Trump

Incerteza no ar: tarifaço de Donald Trump, presidente dos EUA (foto).

A novela das tarifas do governo Trump

Incerteza no ar: a novela das tarifas do governo Trump | Artigo por Eduardo Tonooka, doutor em economia pela USP.

As idas e vindas do governo norte-americano em relação às tarifas sobre as importações transformaram-se em uma novela, que torna a análise do dia anterior defasada e desinteressante em vista das novidades e reviravoltas que cada capítulo proporciona.

Baseado na novela anterior, na qual Donald Trump foi protagonista no papel de presidente dos Estados Unidos (2017-2021), podemos antever que as tarifas, na média, aumentarão durante o atual mandato iniciado em janeiro de 2025.

E isso pode ter alguma consequência sobre a inflação e o nível de atividade econômica a depender da intensidade (tamanho do aumento), extensão (quantidade de setores econômicos afetados pelas tarifas) e vigência (tempo em que as tarifas ficarão mais altas).

Porém, há uma certeza a ser extraída em meio a todas essas incertezas quanto aos próximos capítulos: os Estados Unidos dão um sinal inequívoco de que sua hegemonia econômica acabou.

Aumentar tarifas sobre as importações significa proteger a produção doméstica da concorrência externa.

Se é difícil competir em termos de eficiência produtiva, tecnologia e qualidade do produto, põe-se uma tarifa para deixar o produto estrangeiro mais caro; bom para o produtor local, que verá seus lucros aumentarem, ruim para o consumidor, que terá que pagar mais pelos produtos que deseja.

E mesmo que a novela termine, na maior das reviravoltas que um roteirista poderia imaginar, com tarifas médias mais baixas do que quando a novela começou (muito pouco provável), ainda assim poderemos defender o argumento de que a hegemonia econômica norte-americana acabou, porque uma retórica protecionista, mesmo que temporária, é incompatível com o protagonismo econômico que os Estados Unidos tiveram desde a segunda metade do século XX e que os definiram como os grandes defensores do livre comércio internacional no pós-segunda guerra mundial.

Nem é preciso voltar aos grandes pensadores econômicos dos séculos XVIII e XIX para enumerar os benefícios do livre comércio para os países.

Economistas norte-americanos de todos os matizes políticos e ideológicos, de Milton Friedman a Paul Krugman, escreveram sobre o tema.  

Saídos como vitoriosos de guerras que não foram travadas em seu território, os Estados Unidos tiveram grande vantagem para construir seu poderio econômico enquanto as demais grandes economias mundiais trabalhavam na sua reconstrução.

Sem surpresa, a estrutura produtiva norte-americana era mais eficiente; o desenvolvimento tecnológico estava em estágios superiores, também incentivado pela guerra-fria com a União Soviética; os produtos se associavam ao estilo de vida norte-americano, desejado e copiado praticamente no mundo inteiro.

Enfim, não era apenas uma supremacia econômica, mas também militar, política e cultural. Dada a vantagem competitiva dos Estados Unidos, é natural defender a ausência de práticas protecionistas nos outros países para que os produtos norte-americanos pudessem entrar nesses mercados.

A teoria econômica, por sua vez, contribuiu com seu verniz de cientificidade a esse movimento, reforçando, através de modelos teóricos e estudos empíricos, os ganhos potenciais e reais de um comércio internacional livre de barreiras.

A teoria econômica não mudou. Excluindo-se situações bem específicas nas quais algum protecionismo pode gerar bons resultados (o caso do desenvolvimento econômico do Japão é o mais citado), buscar eliminar as barreiras ao comércio internacional continua sendo a principal prescrição de política pública a ser extraída dos livros-texto de Economia.

Neste contexto, ganha importância o enfoque no multilateralismo (decisões tomadas em órgãos colegiados com a participação do maior número de países possível) e na cooperação internacional (colaborar para os países menos desenvolvidos tornarem-se mais desenvolvidos significa ampliar mercados). Caminhos opostos aos trilhados pelo atual governo norte-americano.

Essa novela ocupa tanto espaço na mídia e redes sociais que até as crianças acabam se interessando.

Expliquei assim em casa: os Estados Unidos são como o garoto grandão da turma. Antes, eles eram o grandão que “defendia” os pequenos, agora são o grandão que faz bullying e que pega o doce do pequeno em troca de não bater nele.

A ver se o final da novela haverá um fim feliz para os EUA e os demais países e se o mistério será desvendado já nos próximos episódios.

Autor: Eduardo Tonooka é Doutor em Economia pela USP e professor nos cursos de Economia e Engenharia de Produção da Faculdade ESEG , do Grupo Etapa.

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Edição visual da página: Ernani Fagundes, jornalista especializado (MBA da B3) em informações econômicas, financeiras e de mercado de capitais.

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